“Como disse o ilustre Guimarães Rosa, as coisas mudam no devagar depressa dos tempos. A nossa Academia Piauiense de Letras foi fundada por um grupo de amigos em 1917 e nesses 100 anos muitas as mudanças se consolidaram, e no mundo das letras isso fica perpetuado para a nossa alegria. A imponente APL nasceu da iniciativa daquele grupo e hoje tem muito a comemorar. Ela faz o registro da cultura de um povo, mantendo em perfeita harmonia a tradição e a modernidade e dinamismo. Por todo esse importante trabalho que a Academia tem é que hoje reconhecemos aqui a sua importância”, afirmou o deputado João de Deus.
A decana e acadêmica Nerina Castelo Branco agradeceu a homenagem e se disse surpreendida com a sessão solene em homagem a academia, pois os intelecutais e artistas do Piauí ainda sofrem negação, mas que o momento não era para lembrar de coisas negativas e sim de festejar.
Foi preciso a academia fazer 100 anos para que fosse lembrada, num país que dá mais valor a político e jogador de futebol. Mas mesmo assim nós só temos a agradecer ao deputado João de Deus e a Assembleia pela homenagem, por lembrar de nossos fundadores que mudaram a história da cultura do nosso estado”.
Representando o presidente da Academia Piauiense de Letras, Nelson Nery Costa, o advogado e acadêmico Celso Barros Coelho agradeceu a homenagem.
Essa homenagem tem valor histórico e memorial, principalmente aqueles que fundaram a nossa Academia, acreditando no futuro e o futuro nos pertence. Hoje nos aproximamos 100 anos da APL e nos lembramos cada vez mais deles. Sem dúvida os nossos intelectuais estavam antenados com o que estava acontecendo no velho mundo naquela época e sentiram a necessidade de discutir o que acontecia no mundo, fundando assim a Academia Piauiense de Letras, o que nos orgulha”, lembrou Celso Barros.
Ele lembrou que representar a APL naquele momento o colocava como representante tanto da Academia quanto da Assembléia uma vez que foi deputado estadual cassado. "Dos 26 deputados que me cassaram todos já morreram", lembrou. Acrescentando também que a mesma Assembleia lhe devolveu o mandato há alguns anos. Agradeceu a homenagem citando e oferecendo aos deputados o poema 'O Caminho' que tem como autor o seu patrono na APL, José Nilton de Freitas; "O caminho".
O CAMINHO
Vinde a mim todos vós que sois humanos.
Vinde. Eu vos ensinarei o catecismo da fraternidade.
Vinde, ó meus irmãos! Meus braços ficarão do tamanho
do mundo para um amplexo cordial. Eu vos abraçarei em espírito.
Agora olhai para o Grande Caminho.
Não vedes uma estrela a iluminar a estrada?
Eu irei na frente para mostrar-vos o melhor.
Ela nos guiará como guiou os Magos outrora.
Vinde. No Grande Caminho todos serão iguais:
ricos, pobres, fortes, fracos.
Todas as cabeças estarão na mesma altura.
Nenhum homem falará para o outro com os olhos no chão.
Outrora houve um reformador sábio e santo.
Ele veio. Pregou a igualdade e a fraternidade.
Os ignorantes a serviço dos déspotas não o compreenderam.
Os ignorantes o crucificaram. Mas não crucificaram o ideal.
Cristo! Senhor! Volta! As massas esperam pelo teu regresso.
Vem e repete a tua doutrina aos transviados do Grande Caminho.
Sicários de poderosos querem apagar a tua lei.
Volta antes que as massas desesperem.
Antes que os oprimidos tirem teu nome de dentro da alma.
Abandonados, decepcionados.
Nós não te desejamos em corpo.
Os déspotas crucificariam teu corpo novamente.
Vem em espírito. Que a força da tua presença derrube a tirania.
Queremos é o teu Poder. E a multidão se levantará invencível,
a multidão que não deixou de ter fé.
A multidão quer o teu reino aqui mesmo,
quer ouvir ao menos o ecoar da tua Palavra...
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